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Quatro Provas da Vida no Capítulo da Caverna

By Julho 24, 2025Agosto 11th, 2025No Comments

O 18º capítulo do Alcorão, chamado “A Caverna” (Al-Kahf), é uma das revelações mecanas iniciais, durante o começo da missão do Mensageiro Muhammad ﷺ. É um capítulo que somos incentivados a recitar todas as sextas-feiras. Ele contém quatro histórias únicas que não são mencionadas em nenhuma outra parte do Alcorão. Cada uma dessas histórias trata de uma provação que podemos enfrentar em nossas vidas. Deus diz no início do capítulo:
“Por certo, Nós fizemos o que há na terra como ornamento para ela, a fim de testarmos quem, entre eles, é o melhor em obras.” [18:7]

A primeira prova é a provação da perseguição por causa da fé e das crenças. Isso é encontrado na história dos Companheiros da Caverna, que dão nome ao capítulo. Trata-se de um grupo de jovens crentes que viviam numa sociedade de incredulidade e politeísmo. Esses jovens foram perseguidos por sua crença no Deus Único e Verdadeiro. O rei e o povo da cidade não aceitavam que eles deixassem sua religião para crerem em Deus.

O rei era conhecido por sua tirania e opressão. Ele mandava matar quem o contrariasse. O povo também rejeitava essa nova fé e não apoiava os jovens. Temendo a opressão, prisão ou até a morte, os jovens decidiram deixar a cidade e fugir por causa de sua fé. Deus elogia essa decisão.

Não é fácil sacrificar-se por suas crenças — especialmente quando isso custa seu lar, família e amigos. Quando os jovens tomaram essa decisão e foram descansar numa caverna, Deus os honrou com um milagre preservado no Alcorão: eles dormiram por três séculos, para que Deus demonstrasse Sua misericórdia e favor. Esse é o destino daqueles que colocam Deus acima de tudo e sacrificam-se por Ele.

A segunda prova mencionada nesse capítulo é a do homem que possuía dois jardins. Essa história gira em torno da riqueza e como ela é uma forma de teste. Deus concedeu a esse homem imensa riqueza — jardins frutíferos e rios, além de filhos, servos e muitos recursos.

No entanto, tudo isso levou-o à arrogância. Ele zombou do amigo mais humilde e rejeitou seus conselhos para agradecer a Deus. Acreditava ingenuamente que sua riqueza era sinal de aprovação divina. Pensava: se Deus me ama tanto neste mundo, então certamente me dará ainda mais no próximo!

Deus destruiu sua riqueza para mostrar que a abundância material não é sinal do prazer ou da ira divina, mas um teste para avaliar nossa fé, ações e caráter. Não se trata da riqueza em si, mas de como ela é adquirida e utilizada.

A terceira história única neste capítulo é a de Moisés e Khidr. É uma história em que o conhecimento se torna uma prova. Talvez este seja um conceito intrigante, pois normalmente associamos o conhecimento apenas ao bem e ao benefício. No entanto, assim como a riqueza, o conhecimento também pode ser usado para o bem ou mal utilizado. Ele também pode levar à arrogância, ao orgulho e ao desprezo por aqueles considerados menos instruídos, em vez de cultivar em nós as qualidades nobres que deveria promover: modéstia, humildade, piedade e uma genuína preocupação pelo bem-estar dos outros. Quantas vezes já fomos culpados de possuir esses traços indignos por causa de alguma pequena medida de conhecimento que adquirimos?

Os Mensageiros de Deus são dotados do conhecimento das escrituras e do mais alto nível de conhecimento humano. Eles estão acima dos pecados e dos maus traços de caráter. Ainda assim, são humanos e dependem de Deus para o seu conhecimento, e não possuem conhecimento completo, pois essa é uma característica exclusiva de Deus. Deus, em Sua sabedoria, permite que ocorram situações na vida dos Mensageiros que se tornam lições para toda a humanidade, demonstrando Seu conhecimento e sabedoria supremos.

Moisés, o grande Mensageiro de Deus, que foi agraciado com muitos favores divinos ao longo de sua vida, incluindo a distinta honra de ter falado diretamente com Allah, estava entre o seu povo e fez um sermão. Foi-lhe perguntado quem era o mais conhecedor entre a humanidade. Ele respondeu que era ele, baseado no que sabia. Ele se esqueceu de atribuir o conhecimento supremo a Deus dizendo: “Deus sabe melhor.” Deus, em Sua sabedoria, quis ensinar a Moisés — e, através dele, a todos nós — uma lição sobre humildade intelectual e sobre as limitações do conhecimento humano, mesmo para aqueles que possuem um alto grau dele. Ele instruiu Moisés a viajar até o encontro de dois mares, onde encontraria um servo especial e devoto de Deus chamado Khidr, dotado de mais conhecimento divino do que Moisés em certos assuntos.

Moisés, o nobre Mensageiro de Deus, embarcou em uma jornada com Khidr. Durante o tempo que passaram juntos, Moisés testemunhou três ações surpreendentes de Khidr: danificar um navio, matar um jovem e consertar um muro em ruínas numa cidade que lhes havia negado hospitalidade. Moisés, apesar de seu status e sabedoria, inicialmente não conseguiu compreender a razão por trás dessas ações e questionou cada uma delas. Ao final da jornada, Khidr explicou a sabedoria divina por trás de cada ato, revelando que foram realizados de acordo com as instruções e ordens de Deus, e não por caprichos pessoais de Khidr.

Esta história é rica em lições e boas maneiras, merecendo um artigo dedicado para explorá-las plenamente. Basta dizer que Moisés, um dos maiores Mensageiros de Deus, demonstrou humildade, modéstia e disposição para aprender quando se deparou com um conhecimento além do seu próprio. É um lembrete poderoso de que o verdadeiro conhecimento começa com o reconhecimento da vastidão daquilo que não sabemos e com a submissão humilde à sabedoria de Deus.

A quarta e última prova é a do poder, autoridade e influência. Isso é ilustrado pela história de Thul-Qarnayn, o rei que conquistou o Oriente e o Ocidente. Após conquistar o Oeste, Deus testou seu poder para ver como ele o utilizaria. Em vez de ser tirano ou excessivamente brando, Thul-Qarnayn estabeleceu justiça.

Ele manteve essa justiça ao conquistar o Oriente e as terras entre ambos. Sua compaixão e senso de justiça ficaram ainda mais evidentes ao ajudar um povo contra a opressão de Gog e Magog.

Embora essa história trate do poder em escala governamental, os princípios nela contidos aplicam-se a todos os tipos de autoridade. Pais têm poder sobre filhos; maridos sobre esposas; empregadores sobre empregados — e assim por diante. O Mensageiro Muhammad ﷺ enfatizou essa responsabilidade ao dizer:
“Todos vocês são pastores, e cada um de vocês é responsável pelo seu rebanho.”

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